sexta-feira, 3 de junho de 2011

Nevo azul

O nevo azul é uma lesão, geralmente,  bem circunscrita, pequena, plana e de coloração que varia do marrom ao azulado. Pode ser congênita ou se desenvolver numa idade mais tardia e são comuns em pescoço, dorso de punho, pé e nádegas. Na histologia, é possível observar melanócitos dendríticos ou fusiformes e delgados na derme reticular ou subcutâneo formando ninhos ou fascículos. Há frequente associação com fibrose dérmica e proximidade aos folículos pilosos. Um número variável de melanófagos pode estar presente.




Figura 1 - Lesão pequena, azulada e bem circunscrita.


Figura 2 - 40x HE - Lesão delimitada em derme superficial.




Figuras 3 e 4 - 400x / 100x HE - São perceptíveis melanófagos (maiores) e melanócitos (fusiformes).

Autores:
Drº Diego Agra de Souza – R1 da Patologia do HCFMRP-USP (2011).
Fotos e edição:
Drº Diego Agra de Souza – R1 da Patologia do HCFMRP-USP (2011).

Drº Ana Rúbia de Oliveira Comodo – R1 da Patologia do HCFMRP-USP (2011).
Referências Bibliográficas

Busam JK. Melanocytic Proliferations. Dermatopathology. USA: Elsevier; 2010. p 456.

Tumor do Infundíbulo folicular

 
        É uma neoplasia de anexos cutâneos benigna, também conhecida como tumor infundibular. A incidência é de cerca de 1/10000. Pacientes com síndrome de Cowden e com Nevos sebáceos tem maior chance de densenvolver tumores infundibulares. Macroscopicamente o tumor do infundíbuloa folicular, quando solitário, pode mimetizar o carcinoma basocelular. Pode também ser múltiplo podendo formar placas, principalmente em tronco, face e região periocular. A exposição solar aumenta o contraste entre a pele normal e a região acometida pelo tumor.
       Microscopicamente é observada uma proliferação em placa de pálidos ceratinócitos na derme papilar, exibindo múltiplas conexões com a epiderme sobrejacente ou com o infundíbulo folicular. Os ceratinócitos são maiores, pálidos e PAS positivos.
      

              Figura 1 - HE 100x - Observar proliferação de ceratinócitos em placa paralela à epiderme.


Figura 2 - HE 200x - Observar palidez dos ceratinócitos.


Figura 4 - PAS 100x - Ceratinócitos em contato com o epitélio e com folículo piloso.


Figura 5 - PAS 200x - Citoplasma PAS positivo.
  

Autores:
Drº Paulo Bittencourt de Miranda – R3 da Patologia do HCFMRP-USP (2011).
Drº Diego Agra de Souza – R1 da Patologia do HCFMRP-USP (2011).
Fotos e edição:
Drº Diego Agra de Souza – R1 da Patologia do HCFMRP-USP (2011).
Referências Bibliográficas

Hurt MA, Kaddu S, Kutzner H, Cribier B, Schulz T, Hartschuh W. Benign tumours with follicular differentiation. Leboit PE, Burg G, Weedon D, Sarasin A, in editors. Pathology and Genetics of Skin tumours. Lyon: IARC Press; 2006. p 158.

sábado, 14 de maio de 2011

Carcinoma Mucinoso Tubular e Fusocelular do Rim



Definição: É uma neoplasia epitelial polimorfa de baixo com diferenciação tubular, fusocelular e mucinosa.


Sinônimos:  Neoplasia tubular-mucinosa de baixo grau, carcinoma dos ductos coletores de baixo grau e neoplasia epitelial renal mixóide de baixo grau com diferenciação para néfron distal.

Epidemiologia: Ocorre principalmente em mulheres de 30-70 anos.

Origem: As células tumorais possuem aparente diferenciação de segmentos do néfron distal.

Clínica:  Comportamento geralmente benigno, com raras recorrências e metástases.

Macroscopia: Lesão bem delimitada, geralmente confinada ao rim, com o epicentro na zona medular, exibindo aspecto pardoamarelado com áreas mixóides e focos de hemorragia focal, medindo de 3-10 cm.

Microscopia: Neoplasia sólida de crescimento expansivo com pseudocápsula, formada por estruturas tubulares estreitas e cordões de células epiteliais cuboidais com citoplasma eosinofílico e focalmente vacuolado. Outras áreas demonstram células fusiformes brandas, geralmente imersas em um estroma mixóide/mucinoso (Alcian Blue ou Mucicarmim positivo). Não há desmoplasia estromal, atipias celulares, processo inflamatório intratumoral denso, corpos de Psammoma e crescimento infiltrativo.

Estudo imuno-histoquímico: Positivo para "pool" de citoceratinas, CK7, CK19, EMA e CD10 (10%) . Negativo para RCC (07% de positividade) e Vilina. Ki67 menor de 1%.

Biologia Molecular: Perdas cromossômicas múltiplas (-1, -4, -6, -8, -9, -13, -14, -15, -22), porem sem um padrão característico.

Diagnóstico Diferencial:
- Carcinoma de células renais papilífero variante sólida do tipo 1 (pode conter focos fusiformes e túbulos angulados, no entanto não demonstra estroma mucinoso.
- Carcinoma de células renais sarcomatóide (padrão infiltrativo, com células pleomórficas e outras áreas de carcinoma células renais clássico, de células claras ou cromófobo).











Autor:

Drº Paulo Bittencourt de Miranda – R3 da Patologia do HCFMRP-USP - 2011.
Drª Larissa Vertuan Freschi Landfraf - R2 da Patologia do HCFMRP-USP -2011.

Fotos:
Diego Agra de Souza – R1 da Patologia do HCFMRP-USP- 2011.
Paulo Bittencourt de Miranda – R3 da Patologia do HCFMRP-USP -2011.

Referências Bibliográficas:
Eble JN, Young RH. Tumors of the urinary tract. In: Fletcher CDM, editor. Diagnostic Histopathology of Tumors. China: Elsevier; 2007.


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Trichomonas vaginalis

         O Trichomonas vaginallis é um protozoário que pode ser encontrado como saprófita ou pode representar um organismo patogênico na vagina. Clinicamente, a infecção por Trichomonas se manifesta por corrimento, sangramentro inter-menstrual e pós-coito, ressecamento vaginal e pontilhado hemorrágico em mucosa vaginal. Morfologicamente, apresenta citoplasma pálido à acinzentado com grânulos eosinofílicos, núcleo oval ou crescente levemente corado. Na colpocitologia geralmente o flagelo não é notado. São esperadas alterações inflamatórias pronunciadas com a presença de polimorfonucleares. Algumas vezes, os protozoários  tendem a ficar agregados à margem da célula escamosa, formando um anel. As células escamosas exibem coloração vermelho-rosada, núcleo aumentado e hipercromático, além de  halos perinucleares.

 




Observar a presença de polimorfonucleares.




 Note Trichomonas vaginallis se agregando ao redor de célula escamosa



No interior do citoplasma são notáveis a presença de grânulos eosinofílicos.

Fotos, texto e edição de imagens:

           Diego Agra de Souza - R1 da patologia do HCFMRP-USP (2011).

 
Referências Bibliográficas

Mckee GT, Gray W. G, editors. Diagnostic Citopathology. 2nd ed. China:  Elsevier; 2003.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Candidíase




Edema vilositário x Vilos intermediários imaturos

Os vilos intermediários imaturos predominam entre 8-22ª semana de gestação e tem entre 100 a 400 micrômetros. São originários dos vilos mesenquimais. O estroma deste vilo é caraterístico por conter células mesenquimais que formam canais ao longo do maior eixo do vilo. Dentro desses canais são avistadas as células de Hofbauer (macrófagos), estes podem se mover dentro destes canais. Este vilo contem, também arteríolas, vênulas e capilares. Poucos podem ser encontrados na gestação à termo. Um fato interessante é que este tipo de vilo muitas vezes é diagnosticado incorretamente como “vilo edematoso”, devido sua semelhança com as vilosidades edematosas.

Kaufmman considera que a maioria dos vilos denominados edematosos são, na verdade, vilos imaturos intermediários. Segundo, Kaufmann, o verdadeiro vilo edematoso é encontrado nos casos de mola hidatiforme e em casos de hidropsia. Também pode haver combinação de vilos intermediários e edematosos nesses casos. Nos vilos edematosos tende a haver uma destruição do estroma e os macrófagos estão em menor quantidade ou ausentes, quando comparados ao vilo imaturo intermediário.

Vilos imaturos intermediários de placenta com 22 semanas de gestação:

Observe vilos imaturos intermediários com as células de Hofbauer no centros dos canais e a presença de células mesenquimais. Há também vilos mesenquimais de menor diâmetro indicando uma placenta imatura.



Figuras 1 e 2 - Aumento de 40x. Na segunda imagem há uma ilha de células  no centro.


Figura 3 - Aumento de 100x. Observe vilos mesenquimais no centro, com calibre menor.



Figura 4 e 5 - Aumento de 200x. Destaque para vilo imaturo na imagem 4 e para vilosidade mesenquimal na imagem 5.


 Figura 6 - Aumento de 400x. Atentar para as células de Hofbauer dentro dos canais.



Figuras 7 e 8 -  Aumento de 100x. Vilosidades edematosas de placenta de feto hidrópico.


Figura 9 - Aumento de 200x. Estrutura se apresenta menos preservada. A correlação anátomo-clínica é importante. Uma vez que em muitos casos pode haver associação de vilos intermediparios imaturos com vilos edematosos.

Referências bibliográficas:

Kaufman P, Benirschke K. Pathology of the human placenta. 3rd ed. New york: Spring-Velarg; 1995.

Huppertz B. The anatomy of the normal placenta. J Clin Pathol 2008;61:1296–1302.

Texto e edição de imagens:

Diego Agra de Souza – R1 da patologia do HCFMRP-USP (2011).

sábado, 2 de abril de 2011

Gardnerella


São pequenas bactérias cocóides, não capsuladas, pleomórficas, imóveis e anaeróbias facultativas. São transmitidas sexualmente, embora, sejam encontradas em 20% das mulheres assintomáticas. Quando sintomáticas apresenta como sintomas: odor de “peixe podre” (produção de aminas), prurido, leucorréia (corrimento acinzentado ou brancacento). Em geral o esfregaço tende a apresentar poucos polimorfonucleares. Os lactobacilos tendem a diminuir, ao passo que outras bactérias como Bacterioides sp, Mobiluncus sp e Mycoplasma hominis, tendem a estar associadas. O pH geralmente está acima de 4,5.
O achado clássico na colpocitologia são as “clue cells”. Observe nas imagens abaixo, pequenos cocos “manchando” a superfície das células escamosas.






Fotos, texto e edição de imagens:

           Diego Agra de Souza - R1 da patologia do HCFMRP-USP (2011).

Referências Bibliográficas

Mckee GT, Gray W. G, editors. Diagnostic Citopathology. 2nd ed. China:  Elsevier; 2003.

Oliveira AB, França CAS, Santos TB, Garcia MAF, Tsutsumi My, Júnior LCB. Prevalência de Gardnerella e mobilluncus em exames de colpocitologia em Tomé-açu, Pará. Rev. Para. Med.  2007 dez 2007;21(4):47-51.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Pseudo-xantoma elástico

 
Aspectos clínicos e macroscopia

O pseudo-xantoma elástico é uma desordem do tecido conectivo que cursa com calcificação das fibras elásticas na pele, olhos e sistema cardiovascular, ocorrendo mais comumente na segunda década de vida. Macroscopicamente exibe pápulas amareladas com predileção para áreas de flexura; a pele se torna mais rugosa e espessa. Pode também ocorrer calcificação das fibras elásticas das artérias e fibroelastose cardíaca. Pode ser herdada ou adquirida. Na forma adquirida, mutíparas negras, obesos e expostos a nitrato de cálcio e amônio tem maior chance de risco.

Microscopia

         Fibras curtas, espiraladas, basófilas na derme reticular. São coradas em preto pelo método de VonKossa.



Foto 1-2 - coloração de Von Kossa com fibras coradas em preto.


Referências bibliográficas:
Weedon, D, Strutton, G. Disorders of elastic tissue. Skin Pathology. 2ª edição. China:  Elsevier; 2002. p. 387-388.

Autores:

Diego Agra de Souza – R1 da Patologia do HCFMRP-USP (2011)

Felipe Lellis Valeri – R3 da Patologia do HCFMRP-USP (2011)

Fotos e edição:

Diego Agra de Souza – R1 da Patologia do HCFMRP-USP (2011)

segunda-feira, 28 de março de 2011

Âmnio nodoso

O âmnio nodoso é descrito como a formação de pequenos e múltiplos nódulos na face fetal da placenta. É associado com oligodrâmnio e é um achado comum nas gestações em cujos fetos apresentam agenesia renal e obstrução congênita do trato urinário. Entretanto também pode ser encontrada em gestações normais. Os nódulos costumam aparecer próximo ao cordão, mas também podem ocorrer no âmnio que não recobre a placenta ou mesmo no cordão umbilical. Medem de 1-5 mm , variam de brancacentos a amarelados e podem ser facilmente destacados, ás vezes se unem e formam placas.

É constituído por material eosinofílico que pode estar arranjado em bandas fibrilares, contendo também células, restos de células e fragmentos de cabelo. O material é PAS e Alcian blue positivo.

Muito já se discutiu a respeito da origem do âmnio nodoso. Alguns autores defendem que seja originado de: material necrótico, verniz caseoso, camadas de tonofilamentos resultante da destruição da epiderme do feto, material da cavidade oral ou do trato urinário. De fato é um sinal claro de que provavelmente o feto tem oligodrâmnio devendo-se proceder a investigação no recém-nascido para anomalias do desenvolvimento do trato urinário.







 


Foto 1 - Placenta exibindo múltiplos pequenos nódulos no âmnio.
Foto 2-6 - Observar corte histológico no âmnio que reveste a face fetal da placenta. PAS sem diastase (foto 3) e PAS com diastase (foto 4). Apresenta material eosinofílico, com células e restos celulares.




Foto 7  -  Rins displásicos e policísticos de feto com âmnio nodoso.


Referências Bibliográficas


Fox, H, Sebire, N. Pathology of the membranas. Pathology of the Placenta. 3. edição. China:  Elsevier; 2007. p. 513-515.


Autor:

Diego Agra de Souza – R1 da Patologia do HCFMRP-USP (2011)

Fotos e edição:

Diego Agra de Souza – R1 da Patologia do HCFMRP-USP (2011)